Metablog - Cultura Digital
sexta-feira, agosto 01, 2003
 
Para concluir o trabalho, vou apresentar um balanço do que foi essa experimentação e um resumo das conclusões sobre o estudo das características dos blogs.

O processo de experimentação foi muito rico. Manter um blog exige uma certa parcela de conhecimento técnico, principalmente se o objetivo é ter uma experiência mais completa em termos estéticos e de interatividade. Lidar com o template do blog (o que significa controlar a forma em que ele é apresentado) é praticamente programar em html – pelo menos no provedor que eu escolhi, o blogger.com, um dos mais usados do mundo. A instalação de uma ferramenta de comentários de leitores também não foi uma tarefa muito simples: é preciso ir a um outro site que fornece este serviço, se cadastrar, passar uma série de informações, copiar um código para o template, etc. Sobre isso, aprendi que é muito simples lidar com o básico de um blog, mas se a idéia é aumentar a abrangência da experiência, a coisa pode complicar. Como eu já tinha um pouco de experiência em html consegui manter os objetivos, mas percebo que pode ser bastante complexo.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a questão do tempo dispensado para desenvolver um blog, o que me levou a perceber que blogs complexos, ou pelo menos extensos, exigem grande número de horas em frente ao computador. Isso faz pensar que o blog pode ser o lazer principal de um grande número de usuários.

Em termos de uso e visitas, muito pouco aconteceu, o que era esperado uma vez que divulguei pouco e o assunto não era dos mais interessantes para o internauta padrão. As visitas de que tenho conhecimento são as de dois colegas de pós graduação, o Fred, o Jânio, que fez uso do usuário e senha de administrador que eu mandei para todos os colegas de turma, e dos estudantes e professores que estavam desenvolvendo trabalhos sobre o assunto, com quem eu entrei em contato. Apesar de poucas, foram suficientes. O contato com outros estudiosos do assunto somado à pesquisa que pude fazer com o processo do trabalho fez com que o assunto se desenvolvesse. Acredito que é possível perceber essa evolução lendo o blog cronologicamente.

Em termos gerais, a pesquisa me mostrou que o blog é uma ferramenta que foi desenvolvida para um uso específico, mas está se expandindo e ficando mais versátil devido à forma de abordagem dos próprios usuários. Temos blogs sendo usados como portfólio, literatura de ficção, quadro de recados, agenda, exposição de arte, entre vários outros usos, além do próprio uso como diário digital.

Sobre este último, que parece ser o objetivo original, procurei me aprofundar mais, e me deparei com alguns estudos (citados em outros “posts”) que relacionam o blog e a literatura de diário. Hoje considero essa abordagem incompleta: se o objetivo é relacionar formatos pré-web com o blog, acho necessário que se considere além da literatura de diário ao menos o jornalismo, ou, sendo mais específico, a coluna jornalística periódica e assinada. Essa última se relaciona em temos de características comuns com o blog de forma tão forte quanto a primeira, apesar de talvez não ser a primeira a ser percebida.

Acredito ser muito plural o conteúdo dos blogs para uma definição do tipo “continuação digital da literatura de diário”. Prefiro, em acordo com Jan Aline, uma estudante de mestrado da UFBA com quem troquei informações, considerar o blog como uma ferramenta e pensar suas utilidades e características como tal.

Assim, chegamos à definição do blog como uma ferramenta descentralizada, autônoma, versátil, editável, com forte ligação com a questão da cronologia e do tempo (da atualização). Possui em seu cerne as características da web, ambiente em que foi criado, e acaba funcionando como uma extensão da cultura da internet, aparecendo como uma alternativa – mais simples e mais fácil tecnicamente - à hospedagem de sites como forma de se inserir na rede. Seu uso é cada vez mais popular e abrangente.

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